lDe acordo com reportagem
publicada neste domingo no jornal Folha
de S. Paulo, há dois meses o governo federal não conta com um sistema de
inspeção “in loco” nas obras dos estádios para a Copa do Mundo de 2014 – desde
o término do contrato com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que era responsável
pela fiscalização.
Segundo o periódico, o buraco no monitoramento federal ocorre em
meio às críticas da Fifa ao Brasil por atrasos na organização da Copa. O
ministério afirma que passa por uma reformulação administrativa na gestão do
mundial e a consultoria Consorcio Copa-2014 faz a fiscalização das obras, mas
não conta com inspeções presenciais.
Entenda a polêmica
Em entrevista concedida na sexta-feira (02/03), o
secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que os organizadores do Mundial
de 2014 precisavam de um “pontapé na bunda” para as obras da Copa do Mundo
andarem no País, e afirmou que os preparativos brasileiros estão em “estado
crítico”.
“As coisas não estão funcionando no Brasil. Muitas coisas estão
atrasadas… Acho que a prioridade do Brasil é ganhar o Mundial. Não creio que
seja organizar a Copa do Mundo”, afirmou Valcke.
“Não entendo por que as coisas não avançam. A construção dos
estádios não está acontecendo dentro dos prazos. Por que será?”, questionou o
secretário. “Os organizadores precisam de um pontapé na bunda”.
As palavras não foram bem recebidas pelo governo brasileiro, e o
ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou no sábado (03/03) que não quer mais
Jérôme Valcke como interlocutor da Fifa para os assuntos relacionados à Copa de
2014.
“As declarações são inaceitáveis, inadequadas para o governo
brasileiro. As declarações contradizem completamente com o que o próprio
secretário falou em sua visita no dia 17 de janeiro. As informações não são
verdadeiras, porque os estádios estão inclusive adiantados ao cronograma
inicial da Copa”, disse Rebelo.
“Diante dessas declarações, que são palavras inadequadas e
inaceitáveis para qualquer tipo de relacionamento, o governo brasileiro vai
enviar uma carta ao Blatter informando que não aceita mais o secretário geral,
Jérôme Valcke, como interlocutor. O governo brasileiro vai continuar
trabalhando com a certeza de que o Mundial será um sucesso”, completou o
ministro. A reação do secretário da Fifa foi classificar a atitude do governo
do Brasil de “infantil”.
Não é de hoje que Valcke vive às turras com as autoridades
brasileiras. Em um último comunicado publicado no site da Fifa, o secretário
pediu rapidez com a aprovação da Lei Geral da Copa: “o texto deveria ter sido
aprovado em 2007 e já estamos em 2012″, declarou.
No meio do fogo cruzado, o presidente do Comitê Organizador
Local (COL), Ricardo Teixeira, manteve discurso neutro e apenas ressaltou que
tudo sairá como o planejado. “Algumas questões na organização da Copa do Mundo
podem parecer que avançam lentamente. Mas em todo processo democrático as
discussões devem ser amplas e sempre levar em conta os interesses do povo. O
Brasil não tem um dono, é uma democracia sólida e reconhecida mundialmente. O
país e seus três poderes devem ser respeitados sempre”, disse Teixeira na nota.
“As preocupações da Fifa em relação aos preparativos de todas as
Copas do Mundo são naturais e legítimas. Mas a entidade pode ficar tranquila
porque o Brasil e seu povo têm competência e seriedade para organizar uma Copa
do Mundo impecável, inesquecível”, completou.
Fonte: Terra